domingo, janeiro 09, 2011


A vida nunca me tirou além do suportável. Mas eu só percebi isto quando superei a perda.

Marla de Queiroz

Não acredito em pessoa errada na hora certa nem em pessoa certa na hora errada. Uma grande história acontece quando ambos estão prontos...

Marla de Queiroz

Seja forte, siga em frente, respire fundo, e perceba a importância de se ter braços vazios pra que se possa abraçar o mundo.

Marla de Queiroz
Mesmo não havendo garantias, são tristes demais os amores que não conjugam eternidades. Que sejam breves, mas que não tenham prazo de validade.

                                  

Acho que algumas pessoas se apaixonam é pelo desencontro, pela poesia sobre aquele amor que nunca foi correspondido ou que não deu certo.

 
 
Proposta

Vem, que eu canto pra você as nossas chuvas
porque entendo esse nosso pacto com o vento.
Se nossos corações palpitarem em outras curvas e a gente se for,
é porque ainda nos nutrimos das possibilidades de outros caminhos.

(Mas, vem, que minha proposta é de um perpétuo movimento:
deste que nos faz vivos, confusos, certeiros, intensos, inteiros.)

Eu entendo essa roupa feita de jornadas.
Eu entendo essa alma impulsionada pela eterna busca.
Mas quando teu corpo inteiro só precisar de um aconchego,
te faço uma cama entre os meus seios

só pra você me contar sobre o fim do tempo da espera.

(Vem! Pra nos anteciparmos todas estas primaveras.)

 

Para estar feliz eu só preciso aumentar as exclamações do meu desejo...

Marla de Queiroz
 
Tanta coisa mudou e ele ainda não sabe que um ponto desfeito no meio do casaco de tricô é prenúncio de inverno antecipado, campanha de coração novo arrecadando (outros) agasalhos...
 
 
 


Eu não tenho medo do amor. Eu tenho medo é de amar quem tem medo dele. Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências.

Marla de Queiroz

O tempo se apossou do que havia. Foi quando pude te explicar que as minhas expectativas não eram exigências. Já que fomos tão inábeis para o amor, restou enfim, essa ternura encabulada e nossas conversas pela madrugada numa hora em que a saudade nos constrói as frases com todos os adjetivos mais suaves para não espantar o sono. E a consciência de que não há mais tempo para usufruir o que não foi aproveitado a tempo. Por isso choramos apenas por dentro sem deixar que nossa voz denuncie nosso olhar raso de esperas intactas. Por isso tanta doçura nas palavras pra não ferir ainda mais essa melodia frágil e cheia de melancolia. E essa tentativa de que o abraço, apenas escrito, tenha outras formas de tocar. Porque queríamos a mesma coisa, exatamente o que nos faltava e que não soubemos porque não tínhamos para dar. Seguimos, ainda assim, unidos não por sentirmos o mesmo amor, mas por compartilharmos aquela mesma solidão.
                                 

Prometeu a si mesma:
Não me caberá mais nenhum drama. Só terei esperanças e perspectivas.
Quando algo ensaiar doer, sentirei sono porque acordo cedo no dia seguinte.
Quando um amor ameaçar acabar, lavarei a louça enquanto espero a champagne gelar.
Sempre haverá essa espera por finais:
De semana, de campeonatos, de novelas.
Tudo será esperança de um final eterno desse drama.

(E seguiu comendo os louros que deveria apenas colher...)

Marla de Queiroz
 
Se, ao acordar, posso escolher uma roupa, posso escolher também o sentimento que vai vestir meu dia. Se, no percurso, posso errar o caminho posso também escolher a paisagem que vai vestir meus olhos. A mesma articulação que tenho para reclamar, tenho para agradecer. E, se posso me adornar com a alegria, não é a tristeza que eu vou tecer. Que hoje e sempre, seja mais um belo dia! 

Não sei se fiz a coisa certa ao me desvencilhar daquela nossa rotina hiperbólica. Porque preciso de muita paixão, enquanto rezo pela calmaria. É que eu preciso de muitas questões, enquanto fujo para obter respostas...

Marla de Queiroz
 
E a gente vai rir dessa maldade da demora do tempo
pra fazer essa brincadeira de desencontro:
Quase nos deixou descrentes...

 
A gente vai rir dessa maldade porque o nosso amor
será a coisa mais bonitinha do mundo...

Marla de Queiroz


Quando terminei de falar, senti foi a dentada da tristeza em meu peito. Eu fui andando, andando, quase olhei pra trás e pedi que desconsiderasse aquilo tudo. Mas não dava pra desmanchar aquele ponto final. Não se remove um "adeus" com um "esqueça tudo que eu disse". É que eu pensava que nem ia doer. (Nem deixei que ele me tocasse, eu não tinha tempo pra arder).E foi com meu coração disparado que apressei o passo e ganhei estrada.Eu respirava fundo chamando a tranqüilidade de volta.Mas ela não veio.Enquanto me afastava, pensei que eu tava indo embora de tudo nele.E sei que fiquei como um ranço, algo que lateja até que se perdoe. Era ele aprisionado na lembrança do que eu havia sido. Só tive paz mesmo, quando o seu coração desmanchou o hematoma da saudade num choro compulsivo, no colo do melhor amigo. Porque nem calma eu tinha pra ajudar.A carne sempre fraca pra afagar, acabava indo mais longe e tudo voltava ao antigamente.Aí eu tive que ficar quieta no meu canto, toda lacerada pela falta.Foi um período solitário em que vivi o luto necessário.Ele nem desconfiou que eu também estava triste, talvez se sentisse melhor se soubesse.Mas eu tinha que fazer valer minha palavra, demorei muito tempo tomando coragem.Demorei muito tempo desparafusando aquela gaiola e, depois, reaprendendo a voar.

Tive ímpetos de escrever uma carta falando das qualidades dele, de tudo que havia me feito crescer. Mas quando fui escrever só consegui dizer: desculpe, não se pode negociar com a paixão.Porque eu também não entendo às vezes esses caminhos que a vida tece.E nós que morávamos um no outro, ficamos sem casa.
 
Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho.

Marla de Queiroz


Um dia eu descobri que se soubesse que já gostava dele, teria feito tudo diferente. Teria compartilhado quando só eu recebia. Teria deixado meus olhos brilharem pra ele... Eu que tinha nele a certeza de um abrigo de paz, de um abraço acolhedor, tive depois um olhar ferido e acusador em minha direção.
 
Ele que me quis quando eu não o queria, eu que o quero quando já não me quer. Seguimos assim: desencontrados...

Marla de Queiroz



O que pode ser tão frágil que precisa ser guardado numa caixa de silêncios?
 
O que pode ser tão forte que precisa ser exposto nessa vitrine de gritos?
 
O que pode ser tão raro que não possa ser incluso na lista dos desapegos?

Talvez eu só tenha dançado pra fingir que gostava de música. Talvez eu só tenha bebido pra fazer parte de um círculo social. Talvez eu só tenha aceitado certas coisas pra poder ser chamada de amiga e usei levianamente a palavra amizade.Talvez eu tenha me apaixonado diversas vezes pra fazer parte do círculo de pessoas que sorriem diferente porque estão amando e sofri as carências que intercalam as paixões como se fossem reais. Talvez eu tenha rompido relações pra escrever cartas de despedida e mostrar como eu dominava a dor ao escrevê-las. Talvez eu só tenha experimentado as relações dentro da literatura.

“ Ele vai realizar um sonho que tenho comigo desde menina: ele disse que vai gostar de mim bem do jeitinho que eu gosto de você. A diferença, é que eu sei merecer essas coisas...

A ferida só nos pede que cuidemos dela para que seja curada. E pra isso, é preciso olhar minuciosamente e com muito carinho pro lugar que está doendo.

Marla de Queiroz

Nenhum comentário:

Postar um comentário