terça-feira, fevereiro 15, 2011

Como ouro e ósmio

No espelho, a meia luz matinal, cabelo ralo que ainda resta, branco, despenteado de uma noite de sono profundo sem sonhos… Estes sulcos na pele… Cada um com uma história pra contar. Há mais profundos, grandes alegrias, grandes preocupações. O tempo simplesmente passou, não é assim que tem que ser? A vida passa, leva o que você tem, te dá o que não tem e de tudo o que te resta são estas rugas e lembranças que te fazem o homem que é.
Nos caminhos dessa jornada soube absorver teorias que alicerçaram as minhas filosofias de vida, aprendi com alguns sonetos de Vinícius, o melhor das músicas, além de alguns versos e prosas de um bêbado habitual que sempre ficava ali na esquina, com pessoas do campo, e dos tipos que mais repudio, aprendi o que não ser (apesar de nesse tempo ter feito muito do que eles ensinavam).
É como escrever uma página de um livro a cada dia, um grande texto que a gente não sabe como vai terminar e se ilude achando que pode fazer um nexo, uma relação de causa e conseqüência, com uma página seguinte, sem saber qual, nem se vai escrevê-la.
Amigos e colegas, que há de ser de homem sem seus irmãos? Mas a vida cruelmente os leva, cruelmente, embora, na maioria das vezes nada resta, além de vagas lembranças depois de um triste adeus, aí você estará pensando nos colegas. Mas quando você voltar lá e pisar na grama, o vento que ecoar nas folhas da acácia mimosa produzirá risos, e os que você escutar… esse… serão dos seus amigos, aí você estará, com dolorosa saudade, pensando neles.
Pequenas pedras, pertinentemente no caminho, podem virar montanhas, e grandes montanhas… Não mais que areia, mas com toda devastação que sua tempestade pode causar.
Fazendo um balanço entre bom e ruim, a balança despenca fortemente do lado ruim. Embora a gente sempre se esconda atrás de fúteis sorrisos e pequenas alegrias para dizer que somos (apesar de tudo) Felizes. Paradoxalmente, o peso de uma grande tristeza é inócuo ante a uma pequena alegria, tal ósmio a ouro, respectivamente e analogamente.
Enquanto delato minhas filosofias, se é que se pode chamar assim a breves inferências sobre a conduta de um velho rabugento, degusto mais um gole desta vodka com gelo, para sentir aquecido, num corpo de 52 anos vai fazer algum mal, mas… faça aqui também a analogia ouro-ósmio.

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