terça-feira, fevereiro 15, 2011

Pés Descalços

Jogado a própria sorte de um grande azarado… Perdido num caminho cama de gato que eu mesmo preparei, sem volta, sem ida, começo ou fim. Apenas seguindo, sem qualquer direção, na direção que o nariz apontar, apenas sorrindo sem qualquer razão, quem sabe, para não chorar.
De pés descalços, querendo, sem sucesso, sentir que há algo que me prende a este mundo, sentir, enfim, que há algo que me leva para frente, além de uma força oposta a imposta pelos meus pés cansados a alguns punhados de terra seca. Pés calejados, calos em carne viva de um corpo morto.
Interessante como mesmo céu da manhã de sol, terno, plácido, símbolo do amor fraterno, basta uma tempestade, ele se torna estrondoso, imponente, símbolo da destruição, e um simples anoitecer o faz tão negro e infinito que nos faz sentir minúsculos diante da imensidão do obscuro, símbolo do medo. Da mesma forma, um pouco menor, me sinto. Volúvel, apesar das pessoas me cobrarem constância, tantos amores renegados a margem de um coração condor, com dor, pelo simples fato de me querem igual a todos, um pouco mais constante e previsível, quem sabe. Mas não vai dar… Lembra do céu?
Continuo a caminhada até quando esses pés agüentarem, já não em busca de um lugar ao sol, prefiro a melancolia de uma sombra no alto daquele morro… Morro? Subir? Ah… Mais dificuldades. Não sei por que ainda me impressiono! Vou molhando os pés na água salgada, a fim de cicatrizar as feridas mais profundas, arde um pouco, mas, com o tempo, não dói mais e a gente nem se lembra como se machucou, quem sabe pé não seja coração?
O sol se põe, já não há mais como nem para onde voltar, o alto está estão longe, mas continuo subindo, nesse breu total, talvez lá de cima, o amanhecer seja mais belo…

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