terça-feira, outubro 12, 2010

O amor é encostar para dormir e ficar mais acordado ainda. 
O amor ilude, contraria, engana. É instável e machuca, abre ferimentos graves e invisíveis, confunde um pássaro com fruto e prende as patas em um caule, corta as asas como se fossem gomos, esvazia a casa, arruína a fé, cria os piores fiascos, infantiliza os joelhos, devasta o certo e o errado, inventa lugares para se esconder, quebra as lentes dos óculos, expulsa amizades, prepara escândalos, esconjura atrasos. Ainda assim é melhor do que o tédio. Ninguém se agride pelo tédio, pois ele anula qualquer vontade. 
O amor é como o rio, não deixa de barulhar represado de pedras. 
Sofrer é pouco ao amor. As lágrimas nunca serão fartas como a saliva. A saliva é a lágrima da alegria. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário